sexta-feira, 31 de julho de 2009

MuBE - Público ou Privado?


Desde 1987, o MuBE - Museu Brasileiro de Escultura ocupa uma área pública de 7 mil m² no Jardim Europa. Recentemente, um despacho do prefeito Gilberto Kassab, publicado no Diário Oficial do Município, rescindiu a permissão de uso da área que o prefeito Jânio Quadros havia concedido à Sociedade Amigos dos Museus por 99 anos. Essa decisão atendeu ao sentimento generalizado entre artistas, curadores, críticos e jornalistas de que existe um desvio de função nas atividades do museu, que nunca se preocupou em reunir um acervo significativo.
O objetivo de um museu é conservar e expor coleções de interesse público. Uma revisão da trajetória da instituição deixa claro que não tem sido essa a perspectiva do MuBE. Com exceção do breve período em que foi dirigido por Fábio Magalhães, o espaço do museu vem sendo usado de forma indevida: abriga exposições de pouca relevância e inclui em sua agenda eventos de aluguel, que restringem o acesso a um público amplo, com o objetivo exclusivo de gerar renda à sua mantenedora.
Por que um espaço público, cuja edificação (prédio e terreno) custou aos cofres públicos mais de R$ 35 milhões, deve permanecer exclusivo dos privilegiados que freqüentam lançamentos de produtos de luxo e festas particulares?.
Com esta questão colocada sobre o MuBE surgio um abaixo-assinado apoiando a Prefeitura do Município de São Paulo em favor da retomada do MuBE pelo poder público.
A questão chegou ao criador do projeto que numa entrevista falou o que pensa.
“PAULO – Qualquer um, mesmo o mais desavisado, deveria ser seduzido plenamente por uma obra de arquitetura. Na prática, o que estabelece essa distinção, até nítida, entre o crítico especializado e o homem comum é que geralmente este último não tem acesso a esses recintos. A grande questão de um museu não é só como fazê-lo, mas é o seu desdobramento futuro, a sua ação efetiva enquanto lugar de eventos. Então, veja, o Mube (Museu Brasileiro da Escultura) particularmente é um museu que está constrangido por uma administração completamente tola e infeliz, que não sabe o que fazer com aquilo, e que não abre o lugar para a população. Só crítico entra lá, ou seja, pessoas da elite. Para conhecer a obra de arquitetura seria necessário freqüentar aqueles jardins, as exposições, os cursos, de uma maneira eminentemente pública e popular, coisa que os museus nem sempre fazem. Particularmente, o Mube não faz; ele está nas mãos de uma elite dos moradores do Jardim Europa, que não sabe o que fazer daquilo e não tem noção nem se aquilo é belo ou não. Acho que estão mais influenciados pelo que se diz do Mube do que o que eles mesmos sabem sobre aquilo. Não sei como se tolera aquela ocupação por um pequeno grupo que está amargurando a vida daquele espaço, que considero que podia ser belíssimo, não porque fui eu que fiz, mas na medida em que se iluminasse. Imagine aqueles recintos cheios de crianças do bairro, brincando naqueles jardins, com pessoas que as olhassem, por exemplo. E no entanto está gradeado, fechado, com uma segurança que nem se sabe bem para quê…”
Para assinar o abaixo-assinado clique no link: www.stickel.com.br/atc/arte/2973

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